O mínimo do mínimo

19/12/2011 09:45

Apenas 2% da população economicamente ativa recebe o salário mínimo nacional de R$ 545 em Londrina

A partir de 1º de janeiro de 2012, o salário mínimo terá aumento de 14,26% (7,5% de aumento real), passando de R$ 545 para R$ 622,73.

A projeção é que o novo valor injete em torno de R$ 64 bilhões na economia do País e dê uma “chacoalhada” no Produto Interno Bruto (PIB), que esteve estagnado no segundo semestre deste ano em função da crise financeira internacional. Isso, no entanto, não se refletirá na economia de Londrina. No Município, apenas 5.840 assalariados na ativa e outros 20.110 inativos recebem o piso nacional, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e INSS. O que significa que o rendimento bruto dessa população, somado, passará de R$ 14,142 milhões para R$ 16,159 milhões mensais, em um acréscimo de pouco mais de R$ 2 milhões/mês na economia londrinense.

 
Rendimento per capita em Londrina
 

De acordo com dados do Censo 2010, o rendimento mensal domiciliar per capita nominal urbano, em Londrina, tem um valor médio de R$ 942,00 e o rural, R$ 419. O valor também varia de acordo com a cor ou raça. A branca recebe em média R$ 1.680; a preta, R$ 960; a parda, R$ 963; a amarela, R$ 2.224; e a indígena, R$1.021. 

Para o professor de Economia e Administração da Faculdade Pitágoras, Marcos Rambalducci, o fato é até positivo, porque mostra que cerca de 2% da população economicamente ativa (PEA) de Londrina está recebendo o piso nacional, “o mínimo do mínimo”. “Hoje, a PEA está estimada em 280 mil pessoas, numa perspectiva conservadora. Com isso, a população que recebe o mínimo nacional é insignificante no universo geral dos trabalhadores na ativa e também em relação à população em geral”, diz.

Segundo dados do IBGE, hoje, em Londrina, há 303.345 pessoas acima de 10 anos recebendo rendimento nominal médio.

Porém, segundo Rambalducci, é preciso observar que o salário mínimo aponta uma característica interessante na cidade: está limitado a atividades renumeradas com a maior rotatividade que, por sua vez, está ligada diretamente ao nível salarial. “Certamente a gente pode depreender que essa é uma população que rotaciona, ‘turn over’, em nível absolutamente elevado”, explica.

Para Rambalducci, isso também está ligado à baixa qualificação profissional dessa população. “Se a pessoa tem um mínimo de qualificação, não se sujeita a trabalhos que recebem o mínimo ou, se o pega emergencialmente, fica muitíssimo pouco tempo”, afirma.

Para o professor de economia Carlos Roberto Ferreira, da UEL,o ideal é que Londrina tivesse a totalidade dos trabalhadores recebendo, pelo menos, o salário mínimo regional, que é de R$ 736,00. “Infelizmente, no sistema capitalista, isso está dentro da normalidade”, afirma.

Segundo ele, no entanto, basear-se apenas em estatísticas para fazer uma análise geral da situação é complicado. “É preciso ver quem são estas pessoas. O grau de instrução, as oportunidades que ela teve, a jornada de trabalho e o porquê de estar se sujeitando a receber esse salário, além de outras variáveis que precisam ser levadas em consideração”, diz. Mesmo assim, ele avalia positivamente os dados. “Analisando friamente, a situação em Londrina não é tão ruim em comparação com a média nacional.”

Para Rambalducci, a tendência é que o número de assalariados com um mínimo nacional diminua ainda mais. “Embora sejam poucas pessoas que se sujeitam a trabalhar com este valor, a demanda pelos serviços não diminui. Pelo contrário, a tendência é que cresça. E o patrão vai ser praticamente obrigado a aumentar esse valor.”

Fonte: Jornal de Londrina