As armas da Microsoft em 2012

23/01/2012 12:10

O Windows 8, a ser lançado este ano, pode virar o jogo para a empresa comandada por Steve Ballmer

 
Quando se pensa em uma empresa de tecnologia, raramente alguém lembra da Microsoft. Na era da internet, Google, Facebook e Apple são os nomes que costumam vir à mente. O problema da Microsoft é conhecido: a empresa tem seu modelo de negócios calcado na receita com a licença da venda de softwares – Windows e Office– e, portanto, na lógica de que as famílias continuarão a comprar computadores. Mas, especialmente nos países ricos, o mercado de PC está estagnado e o sucesso dos tablets e dos smartphones mostram que o futuro da tecnologia caminha para se distanciar dos desktops.

Além disso, as recentes empreitadas da Microsoft para entrar em novos mercados não foram bem sucedidas. A ferramenta de buscas Bing é a melhor que a empresa já produziu, mas o site patina para roubar espaço do Google – hoje, conta 15% market-share nos EUA, ainda longe da rival, que tem 66%. Entre os softwares para celular, a polarização entre a Apple, com o iPhone, e o Google, com o Android, está cada vez mais consolidada. A companhia tentou entrar no mercado de música, mas o Zune foi um fracasso. Steve Ballmer chegou a anunciar uma espécie tablet ainda antes do lançamento do iPad, mas nunca ninguém viu a cor.

É verdade que o faturamento da Microsoft ainda impressiona. A receita do ano fiscal de 2011 (até junho) foi de US$ 69,94 bilhões, alta de 12% em relação ao ano anterior – quase 60% vieram da divisão do Windows e Office. Mas o problema é a percepção de que a empresa não está bem posicionada para lutar pelos mercados do futuro. “Com a exceção do Xbox, os produtos mais recentes da Microsoft parecem transmitir uma nova sabedoria popular: seja lá qual for o produto, desconsidere a Microsoft mesmo antes que ela comece”, disse, em texto recente, o colunista de tecnologia da Slate, Farhad Manjoo.

Em 2012, porém, tudo pode mudar, acredita o próprio Manjoo. “Pela primeira vez desde sempre, a Microsoft possui dois grandes produtos que não são meramente aceitáveis. Eles são simplesmente ótimos”, disse ele, referenido-se ao Windows Phone 7 (software para celulares) e ao Windows 8 (novo sistema operacional para tablets e PCs). A empresa ainda contará neste ano com um novo Steve Ballmer, a julgar pelo que o próprio diz, e com a expansão de serviços na onda do Xbox 360 e o Kinect, os sucessos mais óbvios da empresa no último ano.


Ballmer e o ego ferido

 

 

Carregando o peso de suceder Bill Gates, Steve Ballmer não é exatamente um executivo popular entre os nerds do Sillicon Valley. Falador e explosivo, trocou praticamente todos os diretores da Microsoft desde que Gates deixou o dia a dia da empresa, em 2008. Em sua biografia, Steve Jobs afirmou que a Microsoft era basicamente irrelevante e que nada iria mudar enquanto Ballmer continuasse à frente da companhia. Mas Ballmer que provar Jobs equivocado. Ele próprio admite que seu estilo de trabalho mudou, e está mais preocupado em criar novas lideranças e permitir o avanço de boas ideias. Num perfil recente na Bloomberg Businesweek, James Cash, professor emérito de Harvard e ex-conselheiro da Microsoft, diz que quando a Microsoft era uma empresa mais jovem e menor, Ballmer conseguia resolver os problemas apenas com a sua inteligência e energia. “Agora ele aprendeu a gerenciar por meio de pessoas e está comprometido com um trabalho interdisciplinar. Acho que ele ainda ficará conhecido como um líder único e especial.”


Xbox 360 conquista espaço

 

 

O Xbox 360 e o sensor de movimento Kinect são os sucessos mais óbvios da Microsoft nos últimos anos. O console é o líder do mercado, à frente do Playstation 3 e do Nintendo Wii – até 12 de janeiro, 66 milhões de unidades já haviam sido vendidas em todo o mundo. A Microsoft pretende aproveitar esse sucesso para consolidar o videogame como a principal central de mídias dos lares dos consumidores. Equipou o aparelho com um software de reconhecimento de voz, ao estilo Siri, e, nos EUA, fechou várias parcerias de streaming de filmes e programas de tevê para o Xbox Live, a parte on-line do console, sinalizando que quer mesmo que o aparelho esteja no centro da sala dos consumidores. Em fevereiro, o Kinect também chega aos computadores.


Um bom hardware para o Windows Phone

 

 

O Windows Phone foi um sucesso de crítica entre os especialistas em tecnologia, mas ainda não decolou entre os usuários. Muitos analistas dizem que o que faltava era um hardware decente para acompanhar o aparelho, e ele pode ter chegado com o lançamento do Lumia 900, da Nokia. A fabricante finlandesa fechou acordo com a Microsoft para usar o software em seus smartphones – a parceria, no fim das contas, pode se provar uma vitória para ambas, que têm se frustrado com o resultado no mercado de celulares. Ainda não é um aparelho que deve concorrer com o iPhone e os Android top de linha, mas já ameaça, por exemplo, o mercado da RIM com o seu Blackberry – um público não tão preocupado com a quantidade de aplicativos disponíveis. No Brasil, o primeiro Windows Phone chegou em outubro passado, num aparelho da HTC. Ainda não há previsão para a chegada do Lumia 900.


Tablets e Windows 8

 

 

A chegada do Windows 8 é a chance da Microsoft entrar no mercado de tablets – dois anos após o surgimento do iPad, hoje líder absoluto do mercado. Embora atrasada para o jogo, a empresa pode se beneficiar do fato de que ninguém ainda conseguiu competir com o aparelho da Apple: a vaga de número dois continua em aberto. O Android seria o concorrente natural a ocupar a posição, mas até agora nenhum tablet com o sistema operacional do Google conseguiu decolar, abrindo espaço para que as empresas fabricantes optem pelo Windows 8, ainda que precisem pagar uma licença para isso (o Android é gratuito). Com a mesma interface Metro, usada no Windows Phone, o Windows 8 promete estabelecer uma aparência comum a todos os aparelhos que rodam softwares da Microsoft. O lançamento ainda não tem data confirmada, mas estima-se que chegue às lojas em outubro.

Fonte: Jornal de Londrina